quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Bate Pronto com Geraldo Lemos Neto - palestrante confirmado no VI SIMESPE

O companheiro médium

Ana Mary C. Cavalcante
anamary@opovo.com.br

Geraldo Lemos Neto conviveu com Chico Xavier, a partir dos anos 80. Também médium, comprou a última morada de Chico – em Pedro Leopoldo e que ele construiu entre 1946 e 1948 –, conservando os cômodos originais (inclusive com objetos pessoais do antigo dono). E também adaptando a residência a um centro de pesquisa e estudo sobre Chico e o Espiritismo. Lá, por exemplo, estão 458 livros publicados por Chico Xavier, inclusive, edições raras. “Até o centenário, devem ser 460 obras”, soma Geraldo, considerando o material ainda inédito, datado de 1934 a 1952 e produzido na Fazenda Modelo. A pequena biblioteca da casa resguarda outras 180 obras que se referem à vida e ao trabalho de Chico Xavier. Nesta rápida entrevista, Geraldo Lemos Neto lança luzes sobre a psicografia.

O POVO - Existe um tempo adequado para se buscar notícias dos mortos? Na prática, em que momento, os parentes vivos devem procurar um Centro Espírita, um médium, para tentar esse contato?
 Geraldo Lemos Neto - Chico Xavier costumava nos dizer que o "telefone toca de lá para cá", como a nos indicar que não devemos nos fixar na idéia de exigir que este ou aquele parente ou amigo recentemente desencarnado nos dê imediatas notícias de seus primeiros tempos no além-túmulo. Cada caso é um caso específico, naturalmente às voltas com inúmeras variáveis que nos fogem ao controle, quais sejam a situação espiritual do desencarnado; o seu próprio merecimento e o merecimento de seus amigos ou familiares que ficaram na Terra; a conveniência de notícias mais diretas ou não, dentro de uma lógica natural que devemos nos preparar para o amor sem apego; a sintonia indicada entre o espírito do recém liberto da carne com a existência de médiuns devidamente preparados e bem dispostos ao serviço; o desinteresse e a dedicação dos candidatos à mediunidade com Jesus e Kardec, com a renúncia de si mesmos e sem qualquer exigência. Enfim, muitas condicionantes que acabam por reduzir substancialmente a possibilidade de contato mediúnico imediato.
Dentro deste raciocínio, convém que os familiares aguardem o tempo, exercitando a fé em Deus e a resignação aos desígnios de Cima, aprendendo a enxergar, nos irmãos mais carentes e necessitados do caminho terrestre, a quem devemos todos amparar em nome da Caridade, como se eles fossem os entes queridos que partiram para a vida no além, angariando amigos e ampliando os laços de fraternidade real que um dia haverá de nos irmanar a todos no Caminho do Cristo.

O POVO - Se não se é espírita - portanto, se não se tem uma compreensão mínima do outro mundo existente -, é válido procurar contato com os desencarnados através dos meios espíritas (como as cartas psicografadas)?
Geraldo Lemos Neto - Sim, claro que é válido. Mas, antes de qualquer tentativa neste sentido, o melhor seria que se buscasse a fonte inesgotável da água viva da paz de espírito, dessedentando-se com os ensinamentos do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos prometeu consolação e alívio, apoio e arrimo em nossas aflições e angústias do coração. Neste particular, a Doutrina Espírita, notadamente através da abnegada mediunidade de Chico Xavier, nos deixou centenas de livros de esclarecimento e consolo, que tanto nos aliviam o coração e nos instruem o entendimento para que compreendamos que somos espíritos imortais, que vamos vencer a morte do corpo físico e transpor os séculos futuros no carreiro de nossa evolução espiritual para Deus.

O POVO - Para o médium, qual o significado da psicografia?
Geraldo Lemos Neto - Pelo que pude compreender até hoje, especialmente no contato com a mediunidade de Chico Xavier, a mediunidade para o candidato ao seu exercício deve ter o significado de serviço ativo no bem do próximo sob os auspícios de Jesus, Nosso Divino Mestre, que nos ensinou a dar de graça o que de graça recebemos. A mediunidade, antes de mais nada, é um sério compromisso que deve ser abraçado com devotamento e valor por quem quer que se lhe aproxime dos ideais renovadores, esforçando-se por domar as más tendências, afim de que reformando-se a si mesmo, o seu exemplo fale muito mais alto do que as palavras de um belo discurso, cheio de beleza teórica, mas vazio de sentimento e verdade. Assim, o médium deve se esforçar por ser coerente com os ideais da Vida Mais Alta, aprendendo a amar e a servir, perdoar e esquecer o mal, perseverar e caminhar com fé e coragem, vencendo os obstáculos naturais de seu caminho, sem presunção e sem desânimo.

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