domingo, 7 de novembro de 2010

Os animais podem reencarnar, diz pesquisadora Irvênia Prada, palestrante confirmada no VI SIMESPE

Irvênia Prada é Professora Catedrática e médica veterinária da Universidade de S. Paulo (USP), sendo uma autoridade mundial na comunidade científica sobre “Neuroanatomia Animal”. É também uma respeitada investigadora espírita em particular da “Interacção Cérebro-Mente” dos animais. Com vários livros e estudos científicos e espíritas publicados, é uma das palestrantes já confirmada para o VI SIMESPE em 2011.
Os animais podem reencarnar, diz pesquisadora

Em entrevista ao Jornal da Orla, a veterinária Irvênia Prada explica os conceitos da espiritualidade animal. Autora do livro "A Questão Espiritual dos Animais", ela destaca que os bichos possuem alma, estão sujeitos à reencarnação e podem voltar a terra como seres humanos.
Jornal da Orla - Allan Kardec e Chico Xavier mencionaram a espiritualidade animal em suas obras. Os animais têm alma?

Irvênia Prada - Tanto em obras básicas da codificação da Doutrina Espírita, a exemplo de O Livro dos Espíritos e A Gênese, como em obras psicografadas por Chico Xavier, a exemplo de Evolução em Dois Mundos e Missionários da Luz, de autoria do Espírito André Luiz, é significativo o volume de informações que encontramos a respeito da essência espiritual dos animais. Sim, os animais têm alma, como nos elucida, dentre outros, o item 597 de O Livro dos Espíritos. Melhor seria dizer que eles são princípios inteligentes ora encarnados nos corpos que lhe correspondem, dependendo de seu estágio evolutivo.

Também em A Gênese, de Kardec (III. 21), lemos: – “A verdadeira vida, do animal, tal como a do homem, não se encontra no envoltório corporal... ela está no princípio inteligente, que preexiste e que sobrevive ao corpo”. Em carta de próprio punho, escrita por Chico Xavier, na data de 25/01/51, a Wantuil de Freitas, então presidente da Federação Espírita Brasileira, o respeitado médium relata que no momento da morte de seu cão Lorde, vê o espírito de seu irmão José, já desencarnado, acolher nos braços o espírito do Lorde. Acrescenta ainda que nos meses que se seguiram, quando José lhe vinha ter à presença, aparecia sempre acompanhado da figura espiritual do cão que tanto estimavam. Este lindo caso de sobrevivência do animal, à morte do corpo físico, acha-se registrado no livro Testemunhos de Chico Xavier, de Suely Caldas Schubert.
O que acontece quando os animais morrem?

Irvênia Prada - Em O Livro dos Espíritos, itens 283 e 600, temos a informação de que os espíritos dos animais são classificados após a morte, pelos espíritos humanos incumbidos disso (espíritos zoófilos), sendo utilizados quase que  imediatamente para animar novos corpos.
Existe reencarnação dos animais?

Irvênia Prada - Sim, os animais reencarnam (O Livro dos Espíritos, itens 132, 599 e 601). É por intermédio do processo reencarnatório que acontece a progressiva evolução do espírito, que estagia na matéria, desde formas animais muito simples até as muito complexas, como as que se observam nos diferentes grupos de mamíferos, entre estes incluindo-se o próprio ser humano.

Para o espírito André Luiz (Evolução em Dois Mundos, cap. V), figura central do filme ora em cartaz “Nosso Lar”, as células já se apresentam como princípios inteligentes, renovando-se continuamente no corpo físico e no corpo espiritual. Para o meu entendimento, e com base nesse texto de André Luiz, o processo reencarnatório já se verifica a nível celular. Hoje a reencarnação passa a ser considerada como uma hipótese, dentro da ciência, conforme considera, em seu livro A Reencarnação como Lei Biológica, o médico brasileiro Décio Iandoli Junior.
Existem animais que sofrem no mundo. Pode-se dizer que os animais também passam pelo carma?

Irvênia Prada - Os animais sofrem, sim, e muito, neste mundo, principalmente à custa das ações egocentradas do ser humano. Mas o sofrimento deles não se encontra ligado à expiação (O Livro dos Espíritos, item 602), ou seja, a um carma, a um reajuste de contas de ações do passado.

Em O Mistério do Ser ante a Dor e a Morte, Herculano Pires, registra que “os animais sofrem porque evoluem e porque toda evolução é sempre acompanhada das dores do parto que anunciam as transações evolutivas para planos superiores...”. Também o espírito Emmanuel, em página psicografada  por Chico Xavier (“Animais e Sofrimento”), questiona de início: “Se os animais estão isentos da lei de ação e reação, já que não têm culpas a expiar, de que maneira se lhes justificar os sacrifícios e aflições? ”Mas esclarece a seguir (em resumo): “...compreendamos, desse modo, que o sofrimento é ingrediente inalienável no prato do progresso”.
Um animal pode aperfeiçoar-se a ponto de se tornar um espírito humano? Existe transição dos mundos?

Irvênia Prada - A Biologia e a Antropologia descobriram evidências de que as espécies integrantes do gênero humano evoluíram a partir do Australopitecus, uma espécie de macaco de postura ereta, que teria vivido no sul da África há cerca de 4 milhões de anos, o que por si só é indicativo de que não há como se considerar o ser humano como uma criatura à parte, tendo-se em conta o processo evolutivo dos organismos materiais. É muito interessante o fato de que Darwin (1809-1882) e Kardec (1804-1869) foram contemporâneos. 

Apesar das polêmicas repercussões sociais e religiosas que a teoria darwiniana provocou, na época, com a publicação de “A Origem das Espécies” (1859), Kardec entendeu a validade da proposta, pois em sua obra A Gênese, XI. 15 e 16 (1868) considera, com o títul o “Hipótese sobre a Origem do Corpo Humano”, a possibilidade de que “...Corpos de macacos teriam sido muito adequados a servir de vestimentas aos primeiros Espíritos humanos, necessariamente pouco avançados, que vieram encarnar-se na Terra...

Como não há transições bruscas na natureza, é provável que os primeiros homens que apareceram sobre a Terra pouco diferissem do macaco, em sua forma exterior, e, sem dúvida, também, quanto à sua inteligência...”.  Portanto, considerada essa hipótese, é perfeitamente válida a ideia de que o princípio inteligente que animava um animal, no caso um macaco, no progredir do processo evolutivo tenha animado um corpo humano. Tanto a evolução orgânica quanto a evolução espiritual pode também acontecer em outros locais do espaço, de mesmo estágio que a Terra, ou de padrão superior ou inferior a ela. “Todos os mundos são solidários: o que não se faz num, pode fazer-se noutro” (O Livro dos Espíritos, item 176).
Os animais possuem sentimentos? É verdade que alguns deles têm a capacidade de pressentir acontecimentos?

Irvênia Prada - Segundo registros históricos, Descartes, um dos grandes filósofos responsáveis pela Revolução Científica do século XVII, por influência religiosa teria admitido que sendo a sensibilidade atributo da alma, e sendo a alma privilégio apenas dos seres humanos, não restaria para os animais outra alternativa do que serem considerados máquinas insensíveis e automatizadas, movidas apenas por uma espécie de combustível, o instinto.

Felizmente, iniciaram-se na metade do século XX importantes pesquisas científicas no campo da Biologia, da Etologia e da Neurociência, que vieram demonstrar de maneira inequívoca que os animais são seres sencientes, ou seja, que têm sensibilidade, inteligência e memória, além da capacidade de aprender coisas novas, de associar ideias, de m ontar estratégias de comportamento individual ou em grupo e de planejar ações futuras. Interessante é a constatação de que em obras básicas da Doutrina Espírita, como O Livro dos Espíritos e A Gênese, encontramos claro o conceito de que os animais são seres inteligentes.

Também é considerável, na literatura espírita, o número de publicações que aludem à sensibilidade dos animais e à sua capacidade afetiva, a exemplo de Memórias do Padre Germano (com seu cão Sultão), de Amália Domingos Soler e Gênese da Alma, de Cairbar Schutel, em que são narrados diversos casos envolventes, com a participação de animais.

Os animais podem ver espíritos e sentir a sua presença, haja vista o caso bíblico da Mula de Balaão, em que o anjo se mostrou primeiro à montaria. Por essa razão, e também por seus sentidos orgânicos aguçados, eles são capazes de perceber ou mesmo de prever, mais do que nós, algumas ocorrência s, agindo como verdadeiras “sentinelas”.
Quais são as semelhanças e diferenças entre a espiritualidade humana e a espiritualidade animal?
Irvênia Prada - Não há nenhuma diferença entre a essência espiritual dos seres humanos e a essência espiritual dos animais, pois a inteligência de ambos os grupos emana do mesmo princípio – o princípio espiritual ou princípio inteligente (O Livro dos Espíritos, item 606a). As diferenças ocorrem em função do estágio evolutivo em que se encontra cada espécie, cada comunidade e mesmo cada indivíduo.

Por exemplo, em nossas primeiras encarnações como seres humanos, neste planeta, com certeza pouco diferíamos do macaco, em nossa forma exterior e, sem dúvida, também quanto à nossa inteligência... (A Gênese, de Kardec, XI. 15 e 16).  O mesmo conceito encontramos em O Livro dos Espíritos, item 849, em que lemos: “Qual é, no homem em estado selvagem (eu entendo que Kardec referia-se ao homem “primitivo”), a faculdade dominante: o instinto ou o livre-arbítrio?” Resposta: “O  instinto...”.

No livro "A Questão Espiritual dos Animais", a senhora destaca que os homens são tutores dos animais. Como a senhora explica esse conceito? Qual é a responsabilidade do ser humano no tratamento com os animais?

Irvênia Prada – Hoje temos a exata noção de que os animais são seres que além de terem inteligência, sensibilidade, memória, afetividade e outros atributos, também são suscetíveis à vivência de dores físicas e de sofrimentos psíquicos. A coisa então mudou radicalmente, impelindo-nos a profundas reflexões de natureza ética. Admitir como possibilidade dentro da ciência, que os animais têm outra dimensão, além do corpo físico, faz toda a diferença. Não importa o nome que se dê a essa dimensão abstrata.

Pode ser metassistema - como referem alguns físicos, pode ser mente, psique, psiquismo, alma ou espírito, não importa... O fato é que precisamos rever todas as nos sas atitudes em relação a eles, nossos companheiros de jornada evolutiva. Em Missionários da Luz, de André Luiz, o mentor Alexandre aconselha: “A missão do superior é a de amparar o inferior e educá-lo...Sem amor para com os inferiores não podemos aguardar a proteção dos superiores”. Se é que podemos nos considerar “superiores” aos animais, acoplada a essa condição vem a nós o dever de respeitá-los como seres que sofrem e que têm direito à própria vida. Como refere Frifjof Capra em Pertencendo ao Universo, “não somos donos do mundo, apenas pertencemos a ele”.

Irvênia Prada é uma dos palestrantes já confirmados para o SIMESPE em 2011, conheça o vídeo
com as notícias iniciais do VI SIMESPE:

http://www.youtube.com/user/simespe#p/u


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